Range Rover Evoque: mais utilitário e mais luxo

Aposta urbana da Land Rover chega em novembro por menos de R$ 180 mil

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Land Rover tentou manter as linhas do Evoque bem próximas às do elogiado conceito LRX
O departamento de bolas de cristal da Land Rover prevê que o mercado de utilitários de luxo irá crescer 35% nos próximos cinco anos, e a marca quer dar uma bela mordida no lucro desse bolo. Mas como ela pretende conseguir isso? Expandindo a linha Range Rover ao mesmo tempo em que reduz sua presença, tanto fisicamente quanto ambientalmente.
Isso poderia ter sido alcançado com uma solução barata do tipo Tata Nano, batendo na lataria do Range Roveraté ele ficar com formato similar ao do conceito LRX, mas isso evidentemente não é como a companhia indiana e nova proprietária da marca funciona (graças à Vishnu!). Não, o LRX foi transformado no Range Rover Evoque da maneira difícil – reimaginando cada detalhe para que ele beneficie a marca, enquanto mantenha fiel ao popular desenho inicial do conceito.

Primeiro, o básico: o Evoque será disponibilizado nas versões duas e quatro portas, com a opção duas portas para quatro ou cinco passageiros. No lugar do motor Volvo de 230 cv de potência e 32,3 kgfm de torque doFreelander 2, agora está um Ford 2.0 turbo de injeção direta de 237 cv e 34,7 kgfm, desenvolvido na nova linha EcoBoost. A potência é transferida por uma transmissão automática de seis velocidades e um sistema de tração integral Haldex Gen IV. Outros países terão a opção 2.2 a diesel, que pode ser acoplada a um câmbio manual, sistema start/stop e tração dianteira para menor consumo de combustível.
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Evoque é montado sobre a mesma plataforma do Freelander 2
A arquitetura do Evoque é livremente baseada na plataforma EUCD da Ford, utilizada no Freelander 2 e nosVolvos S60 e S80, mas apenas a base e a estamparia dianteira são comuns na estrutura, e a seção traseira superior é a única parte do chassis que eles têm em comum. A distância entre os eixos é 0,25 cm menor, enquanto o utilitário diminuiu cerca de 13 cm no comprimento e cerca de 13 cm na altura (a largura cresceu 5,4 cm). O capô de alumínio, para-choques e tampa do porta-malas de plástico, e o uso extenso de bóro e outros aços de liga-leve ajudaram a tirar 58 quilos do peso estrutural. Adicione juntas da suspensão em alumínio, barra de suporte do painel em magnésio e motor menor e o Evoque pesa cerca de 270 kg a menos do que o Range Rover 3.2. O ajuste fino de aerodinâmica reduziu o coeficiente de arrasto para 0.35, enquanto a área frontal foi reduzida em 4,3 metros quadrados– o que, somado à direção elétrica, ao alternador de carga inteligente, à transmissão que fica quase em neutro quando parado e aos pneus de baixa resistência, deverão tornar este o Land Rover menos beberrão de todos os tempos.
No chassis, o pequeno Evoque não traz de seus irmãos Range Rovers a suspensão a ar com molas, mas ganha um pacote dinâmico adaptativo como opcional, igual ao do Range Rover Sport. Esta terceira geração do MagneRide pode alterar suas taxas de amorcecimento em 10 milisegundos, e fazem isso com frequência de 50 vezes por segundo para garantir o passeio mais macio possível enquanto restringe os movimentos da carroceria ao mínimo, quando o sistema Terrain Response está regulado para o modo dinâmico. Naturalmente, as demais configurações do sistema Terrains Response fazem sua mágica com uma série de assistentes eletrônicos para ajudar o Evoque a ir a praticamente qualquer lugar. Ângulos de ataque e saída de 22º e 33º, respectivamente, e distância do solo de 21 cm dão ao menor Range Rover o que há de melhor na classe de compactos. Ele também é desenvolvido para ser capaz de mergulhar e nadar em canais de até meio metro de profundidade.
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Espaço interno e conforto transformam o Evoque em destaque no segmento
Então ele anda como um Range Rover? Para descobrir, fizemos uma avaliação rápida de 10 minutos na sede da marca em Gaydon, no Reino Unido, testando o protótipo do Evoque duas portas com o sistema dinâmico adaptativo, sobre rodas de 19” (as de 20” são opcionais). Primeiras impressões: parece muito mais ágil e ligeiro do que o Freelander 2. A marca afirma que a aceleração é equivalente ao do Range Rover Sport 5.0, com 7,1 segundos para atingir os 96 km/h. Isso o faz quase 2 segundos mais rápido que o Freelander 2, o que é perfeitamente crível. A resposta da transmissão às trocas pelas borboletas no volante é admiravelmente rápida. O motor turbo nunca será confundido com um melódico V8, mas ele emite um rouco ronco que é razoavelmente esportivo, especialmente acima dos 5.000 rpm, quando um tubo da tomada de ar assume o comando enquanto o som escapamento reduz.
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Sistema Terraim Response permite que Evoque enfrente diferentes tipos de terreno sem dificuldade; Controle de funções adaptativas e de tração pode ser feito pelo painel central
A qualidade do passeio está longe de ser macia, apesar do controle do movimento de chassis ser admirável em ambiente urbano (meu cicerone não permitiu que eu testasse o programa dinâmico). O esforço na direção é bem leve, mas eu não consegui captar a textura do terreno o suficiente através do volante, e ele fica mais pesado bem naturalmente ao fazer curvas mais firmes. Os esforços para entrada e saída de ângulos e o curso dos pedais parecem ideais para um utilitário luxuoso de veia esportiva. Na verdade, a sensação geral – da posição de dirigir, passando pela disposição da cabine até o comportamento dinâmico – era mais como a de dirigir uma perua esportiva ou um Subaru Forester turbo com suspensões mais rígidas. O Freelander 2 e o Range Rover Evoque devem figurar como dois dos mais bem diferenciados irmãos de plataforma disponíveis.
A produção do Evoque começa neste semestre, com vendas iniciando em novembro. O preço deverá ficar abaixo dos R$ 180 mil - menos que o Range Rover mais barato, e acima da linha Discovery – e os interessados poderão gastar uma boa grana em personalizações. Três opções de acabamento serão oferedidas: Pure, Dynamic e Prestige. A Pure terá duas variações de cores e acabamento interior; a Dynamic terá seis; e a Prestige, cinco, incluindo um interior totalmente em couro com 10 metros quadrados de tecido obtidos de três vacas. Leve também em consideração os oito desenhos de rodas disponíveis, 12 cores de carroceria e três de teto, e a possibilidade de fazer cerca de 380 mil combinações ao todo. Esse tipo de alfaiataria automotiva, mais um interior surpreendentemente aconchegante, a performance similar ao do Range Rover Sport e a capacidade fora de estrada de um Land Rover deverão ajudar o Evoque a dar uma bela mordida naquele bolo do mercado de utilitários de luxo.
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